Vivemos num mundo onde a incerteza se instalou. No processo gerado por esta incerteza consumimos os dias de nossas vidas.
Na realidade, em nenhuma época faltou a incerteza para o homem. Apenas as coisas mudaram de lugar. Antes a incerteza era solitária e dizia respeito a um individuo ou grupo particular. Agora é compartilhada por ações globais, que podem afetar milhões. Pessoas que não conhecemos ou que nunca veremos decidem sobre nosso futuro.
Essa ambigüidade do individualismo e do global aumentou sobremaneira a nossa responsabilidade. Uma ação num ponto do planeta pode gerar conseqüências a milhares de quilômetros de distancia, sejam elas conseqüências sociais, políticas, econômicas ou ambientais.
Num cenário onde tudo está conectado, onde as responsabilidades encontram-se potencializadas, as decisões deveriam ser cada vez mais compartilhadas. Passando sempre pelo crivo de conselhos comunitários, assembléias públicas e plebiscitos, ou seja: onde a democracia impera.
Mas, o que percebemos é o império do individualismo. Cada vez mais os governos fecham-se em si mesmos e tomam decisões baseadas na visão de seu ponto de mundo. Esse egoísmo cada vez mais se reflete na realidade de todos, e sempre na forma de crises:
Crise social;
Crise ecológica e recentemente Crise econômica;
Mas acredito que a verdadeira crise, é a crise da transitoriedade.
O homem sofre de um a solidão latente, e por isto gladeia com as realidades. Muitas delas artificiais, construídas pelo seu próprio egoísmo.
Luta-se contra o tempo, que continua o mesmo, mas que aos olhos dos homens se achatou.
Luta-se contra a natureza, processando-a e trabalhando-a casa vez mais para ser consumida. Tudo é descartável, a única coisa permanente é o lixo.
Neste mundo construído de incertezas, a satisfação nunca pode ser alcançada. O coração do sistema do capital, a seta dourada do consumo, é a garantia da sempre constante insaciedade. É uma corrida atrás do vento. Por mais que se trabalhe, nunca se está feliz. Porque o dinheiro nunca é suficiente. Em janeiro de 2009, lançam-se veículos 2010 e a única coisa que muda é um detalhe no farol. A moda aponta este ano salto baixo para sapato e no próximo ano salto alto, e em 02 anos tudo está de volta. Antes se extraia o melhor dos produtos e a parte menos valorizada era descartada. Hoje as coisas mudaram. O melhor é que vai para o lixo. E assim, tudo que deveria ser transitório, transformou-se em permanente e vice e versa.
O consumismo encarregou-se de colocar preço e transitoriedade até mesmo naqueles bens intangíveis que não poderiam ser calculados em cifrões. Casamento agora é transitório. Até as entradas e saídas de nosso corpo também servem ao deus Mercado. Não dá para estabelecer limites entre sexo e abuso sexual, gordura necessária e insaturada, trans e outras mais. Os livros mais vendidos são os de receitas cada vez mais maravilhosas e os de dietas mágicas.
O espaço é curto e o assunto profundo. Por isso: “Vamos reavaliar a função do controle remoto da TV”. Hoje quem nos controla é ela, e não o contrário... É quem estabelece a realização do sentimento de tristeza ou alegria é o “BOTINI” do canal Shop Time, com seu bordão “COMPRE”, “COMPRE, “ COMPRE”.
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